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Whatsapp e o profissional médico: é permitido se comunicar com o paciente ou seu familiar através dessa ferramenta?
Por Dra. Cibelle Louzada (22-04-2018)

A comunicação entre médico e paciente ⁄ família do paciente e também entre os profissionais é tema de debate constante na classe médica, principalmente porque os limites éticos e legais abrem espaço para uma multiplicidade de pontos de vista.
No caso do Whatsapp a discussão torna-se ainda mais polêmica. A interação fácil e rápida, possibilitada pelo aplicativo, popularizada nos mais diversos segmentos e com os mais variados propósitos, alcançou também o campo da consulta médica, colocando o próprio conceito de “atendimento” em jogo.
É aconselhável e permitido atender e manter o relacionamento com o paciente ⁄ família do paciente através dessa ferramenta? O Conselho Federal de Medicina (CFM) posicionou-se em abril de 2017 sobre o tema, sendo favorávelao uso do aplicativo. Porém, estabelece algumas restrições importantes acerca dessa utilização.
“É permitido o uso de Whatsapp e plataformas similares para comunicação entre médicos e seus pacientes, bem como entre médicos, em caráter privativo, para enviar dados ou tirar dúvidas...” Parecer CFM nº14⁄2017. O CFM considera como uso saudável do aplicativo o esclarecimento de dúvidas, tratar da evolução do caso e fornecer informações ou prevenções de caráter emergencial ao paciente quejá está recebendo assistência.
A Resolução nº1.974⁄2011, Artigo 114, sobre publicidade médica veda ao médico “consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa ou a distância”. Uma pesquisa realizada em 2015 mostrou que 87% dos médicos brasileiros comunicam-se com os seus pacientes por meio de Whatsapp, em contraste com 4% nos Estados Unidos e 2% no Reino Unido.
A grande adesão é explicada pela facilidade de interação do aplicativo, que não exige resposta imediata. Acredita-se também que o aplicativo ajuda a não sobrecarregar o sistema de saúde, evitando tantas idas desnecessárias ao pronto-atendimento.
Por outro lado, a relação presencial é insubstituível! Lesões de pele, por exemplo, podem ser vistas de maneira distorcida por uma fotografia de celular, assim como orientações médicas podem ser interpretadas de maneira equivocada. A falta de limite de horário de envio e o volume de mensagens é outro aspecto frequentemente apontado como prejudicial à prática médica. Assim, é necessário que o paciente compreenda que nem sempre o profissional estará disponível para responder à demanda apresentada.
Como, então, deve ser o relacionamento com os pacientes no WhatsApp? O médico deve avisar na primeira consulta se utiliza ou não o WhatsApp e, caso utilize, deve especificar as situações de uso (envio de exames, descrição de sintomas, orientações, etc.) e os horários disponíveis. Lembrem-se: o seu médico também tem outros pacientes (certamente responde a dezenas de perguntas diariamente, e não apenas a sua) e, principalmente, tem uma vida fora do consultório, ok?
A tecnologia pode ser uma aliada da prática médica, desde que acompanhada do cumprimento de regras de conduta (e uma boa dose de bom senso!).