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A minha criança é apenas muito agitada ou existe algo a mais? Conhecendo um pouco o TDAH...
Por Thaís Dell'Oro de Oliveira (04-04-2018)

Uma preocupação comum entre pais, em especial pais de crianças na idade escolar, é se a agitação de seus filhos está dentro do esperado ou não. Nos últimos anos passamos a ouvir mais sobre o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção⁄Hiperatividade) e esse maior acesso à informação também traz maior preocupação para os pais.
Sabemos que crianças são mais agitadas e ativas, querendo sempre brincar, correr, cantar e falar alto, mas até que ponto isso está dentro do esperado para o desenvolvimento? Ou a partir de quando temos que pensar no TDAH? Uma boa dica para sabermos se precisamos nos preocupar é o prejuízo! Se sua criança “funciona” bem nos ambientes que ela frequenta, então está tudo ok. Seu pequeno consegue ir à escola? Ele interage bem com os coleguinhas? Ou os professores costumam fazer reclamações sobre o comportamento dele? A escola manda muitos bilhetes sobre o tanto que seu pequeno fica levantando em sala de aula? E quando seu pequeno vai ao médico, ele consegue ficar sentadinho esperando a hora de ser chamado? Essas são algumas perguntas que você deve fazer para saber se existe prejuízo.
Crianças podem ser mais ativas e agitadas, mas se isso não gera nenhum prejuízo no dia-a- dia dela, não pensamos no TDAH. A suspeita do TDAH vem quando essa agitação é tão intensa que a criança não consegue acompanhar a turma, os professores reclamam do seu comportamento, a criança tem dificuldade de se relacionar com os coleguinhas ou dentro de casa por causa dessa hiperatividade.
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento e, assim como o próprio nome já diz, significa que o funcionamento do cérebro dessas crianças é um pouco diferente, levando a transtornos (prejuízos) na rotina dessas crianças. O TDAH acomete cerca de 5% das crianças de todo o mundo, ou seja, em um grupo de 100 crianças, 5 delas terão o transtorno.
O TDAH é caracterizado por níveis de desatenção e ⁄ ou hiperatividade-impulsividade muito altos. A desatenção no TDAH pode aparecer como dificuldade em prestar atenção em detalhes, em manter a atenção, sensação que seu pequeno não escuta, dificuldade em seguir instruções, em organizar tarefas e atividades, tendência a evitar tarefas que exijam esforço mental prolongado, perder coisas (p. ex., lápis, borracha, livros), se distrair facilmente e ser muito esquecido com atividades cotidianas.
Já a hiperatividade-impulsividade aparece como o comportamento de ficar remexendo ou batucando as mãos ou os pés, levantar da cadeira em situações em que se espera que o pequeno fique sentado, correr ou subir nas coisas em situações em que isso é inapropriado, não conseguir brincar de forma calma, sensação que o pequeno “não para” (como se estivesse “com o motor ligado”!), falar demais, não conseguir esperar a vez de falar ou de aguardar em uma fila, interromper as pessoas ou intrometer nas conversas.
Os sintomas do TDAH aparecem desde a idade pré-escolar (3 a 6 anos), mas o diagnóstico normalmente só é dado quando as crianças entram no ensino fundamental, pois com a mudança de estrutura de ensino, o prejuízo acadêmico causado pela desatenção e pela hiperatividade fica ainda mais evidente.
Estudos por todo o mundo mostram que crianças com TDAH tem mais dificuldade na escola, tem maior número de repetência, sofrem mais suspensões, tem dificuldade de relacionamento com os coleguinhas e com os pais. Quando elas crescem, tem maior risco de desenvolver outros transtornos, se envolvem em mais acidentes de carro, sofrem mais demissões e tem maior taxa de divórcio.
Por tudo isso, é importante acompanhar as crianças desde pequenas e observar esses comportamentos para identificar o TDAH o quanto antes. Quanto mais cedo de identifica esse transtorno, mais cedo podemos começar com intervenções para melhorar esses comportamentos e, consequentemente, diminuir o prejuízo na vida dos pequenos. Se existir alguma preocupação sobre seu pequeno, procure o pediatra!
Referências:
ROHDE, Luis A.; HALPERN, Ricardo. Transt. de déficit de atenção/hiperatividade: atualização. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 80, n. 2, supl. p. 61-70, Apr. 2004.
ROHDE, Luis Augusto et al. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 22, p. 07-11, 2000.