top of page

A retirada das fraldas: Quando e como fazer?

Por Dra. Kerlane Ferreira Costa Gouveia (06-03-2018)

O momento ideal de retirada das fraldas é, muitas vezes, uma situação de muita preocupação para a família. Por isto, trouxemos aqui informações importantes para minimizar esta ansiedade e permitir um maior sucesso nesta empreitada.

 

Fisiologicamente, a partir de 1 ano e meio ou 2 anos, a criança começa a adquirir controle sobre os esfíncteres (estruturas responsáveis pela expulsão das fezes e da urina) e se torna capaz de liberar suas excreções no momento em que desejar. Assim, melhor seria iniciar o processo de desfralde por volta dos 2 anos.

 

O desfralde diurno e o noturno exigem diferentes habilidades da criança. Assim, a orientação é começar pelo desfralde diurno, melhor facilitado pelo fato de a criança estar acordada, consciente e poder ser inserido dentro de uma rotina já incorporada pela criança, como horário de alimentação, escola ou outras atividades. Esta etapa durará, em média, 2 meses, sendo consideradas normais as “recaídas”, escapes, principalmente em momentos em que a criança está envolvida com atividades que lhe despertam muito interesse.

O desfralde noturno tende a ser um pouco mais difícil, porque ocorre no período em que a criança está dormindo, condição que exige maior condicionamento e preparo neurológico. Assim, esta etapa exige mais paciência, perdurando, na maioria dos casos, de seis meses até um ano.

Há crianças que passam por esta fase sem necessidade de nenhum artifício. Outras, porém, podem apresentar mais dificuldade. Nestes casos, alguns truques podem ser úteis para o melhor sucesso do treinamento: contar histórias, conversar com a criança sobre esta nova conquista, de forma lúdica, apresentar primeiro o banheiro, mostrar o troninho, permitir que a criança fique sem fraldas durante o dia, aceitando que ela molhe o chão e perceba que é ela mesma quem faz o xixi e o cocô, levar com ela o cocô ao banheiro com brincadeiras de “despedir do cocô, colar adesivos no banheiro.

A postura da criança no vaso é de extrema importância. Às vezes, a opção por um penico ou troninho costuma ser mais confortável porque oferece melhor apoio aos pés. Mas a preferência da criança deve ser valorizada. Se ela prefere o vaso sanitário, a adaptação de um redutor ao vaso e de um banquinho para apoio dos pés se faz necessário. Os pés não devem ficar suspensos e a criança deve estar bem segura no vaso. A criança pode também participar da compra e escolha deste acessório.

Após o desfralde, escapes diurnos e noturnos esporádicos até os 5 anos de idade são considerados normais e devem ser conduzidos com as mesmas orientações sugeridas para as fases do desfralde.  Algumas dicas para minimizar estes eventos são:  diminuir a quantidade de líquidos após as 18 horas, levar a criança para fazer xixi antes de dormir, colocar um boneco ou ursinho de que a criança goste para dormir com ela na cama e dizer para ela tentar não molhar o brinquedo. Em outros casos, mais reincidentes, também é possível forrar a cama com um plástico e acorda a criança no meio da noite para levá-la ao banheiro.

Diante das recaídas, muita calma, paciência e apoio. A repreensão nestas situações, somente gerará traumas e regressão no processo. Faça o reforço positivo, encoraje e seja amigável. Jamais repreender, humilhar ou criar situação de stress para a criança. Já é bem conhecido que traumas nesta fase, são fatores associados às Disfunções do Trato Urinário e Infecções urinárias futuras.

Situações de novos enfrentamentos na vida da criança também podem ser causa de regressão de aquisições já estabelecidas. A chegada de um irmãozinho, ida para a escola, situações traumáticas, perdas ou desajustes no ambiente familiar.  Maior acolhimento nestas situações são cruciais.

Mas se os escapes forem muito recorrentes e não há nenhum sinal de progresso ou se não há aquisição da continência após os 5 anos, a avaliação de um Pediatra ou Nefrologista Pediátrico pode ser necessária.  Nestas situações também, não tome medidas punitivas. A criança não tem culpa do insucesso. Pode-se estar diante de uma criança com alguma disfunção de bexiga (incontinência urinária, por exemplo).

De forma geral, o desfralde ocorre de forma gradual, e na maioria das vezes, sem muitas intercorrências. Considere sempre a maturidade da criança, mantendo-se atento aos sinais que ela dá de que está pronta para iniciar o processo.  Não compare seu filho com os dos outros, cada um tem seu tempo. Respeito às particularidades individuais, encorajamento e afeto são importantes ingredientes para o desenvolvimento saudável em todas as fases da vida.

bottom of page